sexta-feira, 15 de abril de 2016

Ausência?


Aos conectados pela alma, a distância nunca causa solidão. Vira somente métrica de algo imensurável. 
Aos que possuem amor, o silêncio nunca gera ausência. Se torna meio de propagação para infinitas, possíveis, conversas. 
Aos que geram saudade, a dor é ultimada a ficar. Sua ausência é homicida. Mata quem um dia voltará à estar ao seu lado. 
Aos que a vida juntou, não importa o laço. Invisível aos olhos de todos, nem a morte é capaz de rompê-lo com sua foice.
Eterno, em seu pensamento, será o intocável. Amado, em sua alma, será o silêncio - palco de diálogos inesquecíveis. Saudosa em teu peito, será a dor, que levará aos infinitos alívios de encontros repentinos! 

Samba sem enredo



Carnaval...
E pulou somente a saudade
das antigas fantasias
que nem chegaram a desfilar.

Carnaval em mim...
Bloco do eu
a tocar o batuque sem destino.

Eterno indescritível



Ahhh... essa falta de palavras!
Tal imensa inexistência de frases
para descrever esse frio estomacal,
este algo, pronome indefinido,
que há em mim
na tua presença
e ausência.

Constante inconstantes,
que mesmo partindo
nunca se vão.
Sempre são presente em,
e para,
meu ser!

Ah! Se um dia constar
no dicionário, bibliotecas
até em bilhetes de bares,
tal palavra que não procuro
tomada de ousadia e presunção;
Juro! E com dedinho esquerdo (ainda canhoto em juras)!
A este disparate jamais darei
voz ou tinta.

Nada de escrita, leitura, crendice ou significado.

Pois aquilo que me causa,
e não desejo fuga,
não importa idioma, língua ou som.
Essa sensação por si só,
por ti, morena;
Essa sempre será
um eterno indescritível!


Deve a vida dever?



Um dia...






A vida como deve ser.
Exigência constante de dever. Ser?
É somente vida.
Não é viver.





                                                            ...talvez vivo como dever!

Fui – eu – e nada mais!



No fundo,
quero a morte do futuro.
Repudio ser
o que hoje não sou.

Reformas,
mudanças,
renascimentos,
deixo para doutrinas
e serviços especializados.

Não sou pássaro,
para pegar fogo,
renascer das cinzas.
Sou cinza,
que na menor faísca,
incendeio!

Mas não renasço.
Sou eu! Minha soma de passados.

Não almejo o que se foi.
Nem me encanta o que há por vir.
Para que o amanhã?
Não desejo dormir.

Insônia, me nine em seus braços,
e não deixe que eu vá.

Acordado no hoje,
sou eu.
Dormindo,
amanhã quem será?