sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Tísica

Inspirei.
Agora expiro!

Tusso,
expectoro palavras!

Antigos devaneios,
apenas enchiam pulmões.
Alivio repentino,
Dissolvia em vermelhas correntes.

Antes solvente,
fiz do vermelho uma cor.
Pinto folha branca
com escarros hemoptoicos.

Pela raiva fui mordido.
Doente estou.
Tísico como Bandeira!

Batizado,
mergulhei na moléstia dos poetas.

Leproso,
padeço em cada verso.
Partes de meu ser partido,
que parte

  em
   da   Dor        
com

Divina trindade das angústias,
agoniza:
                1 - pensamento
       
                     5 - boca

     4 - peito  2 - estômago  3 - coração

Amém!

Chiiiiiiiiiii....

O Mundo quer dormir.

Ao sono, minha tosse incomoda.
                                                                                 
Ao sonho, não.               

Tomo meu xarope!                                                                 

... ... ...

Cri, cri...


                                                                                                             Maurício Caldeira
                                                                                                   @mauricio_cald

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Quase

Degusto tuas falanges encorpadas,
Trajadas em véus de elétrons,
Tecendo afagos de               vento,
Convidando anseios formigantes,
Coçando esperanças e ácaros.
Algo!

Não sinto saudade homicida,
Desconheço o que é ser apontado.

Não pulo paixões CaRnaVAlesCAs.
Amor? Antes, sentimento inquilino.
Mudou-se para o prédio ao lado.
Coração, para quem ardes?

Para mulheres de seios?
Dançarinas de coxas?
Para delineadas e volúpias nádegas?
Provocantes rebolados?
15 minuuutos chatos – chatos – chatos.

Espero...


Minha “olhos de mistério”,
Minha “quase suspiro”.
––––––––––––––––––––––
           Minha?

          Quase!
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                                                                                                        Maurício Caldeira
                                                                                              @mauricio_cald

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Erregê

Pequena covinhas;
Tão bem te vi,
que com alegria,
do bem-te-vi cheirou a flor!

Supetão...

Sem penar,
no bater de asas,
o Mundo, no G, girou.
E por um leve erre,
Atchim!

Estes estares

Sei que ainda estás!

Soluto da existência.
Febre ardente que mata
mas esquenta.
Flama que leva existência aos sutis
toques corriqueiros.
Brasa que marca digitais paixões.

Sei que ai ainda estás!

Infantil lhe perdi num pique.
Olhei para o concreto.
Me vendei.
Me perdi no contar dos dias.
Somente contei.
Esqueci que para lhe achar
Preciso era somar, subtrair,
Multiplicar, dividir.

E agora?
Onde estás - sutileza reativa - catalisadora de destinos e acidentes?
Em que curvas, olhar, perfume,
Escondeu?

Decerto sei que ainda estás.
Como essência,
És amaldiçoada pela imortalidade.

Quando voltar terás destino, terás colo.
Terei colo!

Sei que vagas pelo silêncio.
Ouço distante suas gargalhadas.
Cínica,
ri de tuas crias fugazes.
Sei de tua crueldade!

Lembro do pingar de gotas
de dias atrás.
Corri da chuva.
Surdo da acústica material,
ouvi suspirado gemido
em meio a apressados passos.
Em meus lábios
Palatei o sal das decepções.
Sei da tua tristeza.

Ainda estás!

Lhe caçarei em remexidos cabelos,
Nas rimas das bocas,
No imperceptível dançar dos olhares,
Nas expirações prolongadas de desejos.

Ainda estás?

Verbo amigo,
presente perfeito queria como dádiva.
No imutável passado,
perfeito, o estava, passou.
O sublime restou para o futuro.

Ainda estás?
Procuro...


                                                                             Maurício Caldeira
                                                                      @mauricio_cald